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Crônica e Fotos de Viagem
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Minha
esposa e eu em frente
à Pirâmide
do Sol, Teotihuacan,
México
|

Eu,
após uma meditação
no topo da Pirâmide
do Sol
|
Viagem
ao México
Brasília 22/01/97 17:30
h
São Paulo 23/01/97 1
h (hora da saída do vôo)
Bogotá 8 h
Cidade do México 12:20
h (hora local 8:20 h)
Fomos
recebidos, eu e a minha esposa
Luiza Helena, pela Lorena,
da empresa de turismo, que
nos levou ao Hotel El Ejecutivo,
no centro da Cidade do México.
Durante a viagem vi um vulcão
extinto, bem alto, rodeado
por terreno cultivado, com
inúmeros retângulos
indicando plantações,
bem como diversas aldeias
("pueblos"). Passamos
sobre o oceano, muito acima
das nuvens. Ao longo da selva
vi diversos pontos brilhantes
(línguas de fogo lineares).
De repente, uma cidade toda
iluminada (antes de Bogotá).
Em Bogotá permanecemos
muito tempo, caminhei dentro
do avião, pois estava
cansado, por estar tanto tempo
sentado. Durante a viagem
vi montanhas imensas e uma
coluna de fumaça que
mais parecia um gigante mudando
de forma. Quando sobre o oceano,
me pareceu ver uma porção
de água gelada; depois,
conclui que se tratava de
formações de
nuvens sobre o oceano.
Chegando ao hotel, soubemos
que o apartamento só
estaria vago às 13
h... Combinamos com a Lorena
alguns passeios e, em seguida,
saímos do hotel, quando
encontramos um simpático
motorista de uma frota de
táxis, bem conversador,
um mexicano típico,
que gentilmente nos levou
à uma casa de câmbio,
onde troquei dólares
por pesos. Ele nos indicou
um restaurante e uma loja
de turismo.
Estávamos em pleno
centro da Cidade do México,
a mais populosa do mundo:
avenidas largas, muitas praças
e monumentos; andamos sem
maiores dificuldades e localizamos
uma loja de turismo, onde
eu iria trocar o trecho aéreo
Merida/Cancun por Cidade do
México/Merida (que
é mais longo, seriam
12 h via terrestre). Assim,
eu faria o percurso Merida/Cancun
de carro, que, segundo a Lorena,
oferece belos trechos no itinerário.
Almoçamos em um restaurante
moderno, atendidos por uma
garçonete simpática
e sorridente, uma comida farta
e saborosa, sem "chile"
(pimenta), e já comecei
a desenvolver o meu dialeto
português/espanhol/inglês,
com o qual me comunicaria
durante toda a minha estadia
no México!
Retornando ao hotel, descobrimos
o apartamento no 13o. andar
e também que a camareira
ainda estava terminando de
arrumá-lo...
Acabei cortando o meu dedo
na lâmina de barbear,
com a pressa, pois o guia
já havia chegado e
estava nos esperando. E a
Luiza esbarrou com a mala,
nova, no armário, arrancando
uma peça.
Fomos, então, com o
guia, Jorge, até o
centro histórico da
Cidade do México, onde
estivemos na terceira maior
praça do mundo e visitamos
o antigo Palácio do
Governo, que exibe em suas
paredes murais belíssimos
que contam a história
do México, criados
por Diego Rivera, com uma
visão, por sinal, bastante
crítica e autêntica.

vista
frontal da catedral, na Praça
Zocalo
Visitamos
a catedral, também
muito bonita, que está,
infelizmente, afundando, devido
às características
do terreno onde está
situada. Aliás, abrindo
um parênteses, li recentemente,
que este problema foi solucionado
através de uma primorosa
obra de engenharia. Na época
da viagem, a catedral já
estava com obras de reforço
e escoramento em seu interior.
Havia uma sala, do coro, fechada,
que me lembrou muito um sonho,
em uma igreja, que eu havia
tido, há mais tempo.
Fotografei e seguimos para
o Centro Artesanal, imenso,
onde permanecemos mais de
uma hora escolhendo e comprando
ponchos, figuras de cerâmica,
deuses, corujas, candelabros,
maracas, pequenos sombreros.

Abílio,
nos Jardins Borda, em Cuernavaca
Em
24/01, 6a. feira, partimos
para Taxco, na companhia de
Jorge, o guia,e de Silvana,
uma turista peruana, em uma
van com ar condicionado. A
temperatura estava muito baixa,
pela manhã, saímos
bem agasalhados, mas, ali
pelo meio dia, já subiu
bastante e, então,
estorricamos dentro da nossa
roupa reforçada! No
trajeto, passamos por Cuernavaca,
"onde é eterna
primavera", uma cidade
realmente convidativa; lá
viveram o Xá do Irã
e John Weissmuller, um dos
mais famosos Tarzans. Visitamos
a Catedral e o Jardim Borda,
com muitos chafarizes, plantas
e flores, muito bonito! Havia
uma exposição
sobre Luis Buññuel,
o famoso diretor de cinema,
no centro cultural anexo ao
jardim. Em Taxco, onde abundam
inúmeras lojas de venda
de objetos manufaturados em
prata, compramos alguns deles
e visitamos a catedral e outros
locais.
Retornamos ao hotel às
vinte horas e saímos
às 22 horas com o guia,
para visitar a praça
onde se reúnem os famosos
mariaches. Encontramos a praça
cheia, com grupos reunidos
em torno de diversos conjuntos
de mariaches, com suas roupas
típicas, seus imensos
sombreros, seus violões,
baixos, instrumentos de sopro,
violinos e suas belas vozes
executando aquelas músicas
que sempre nos emocionam,
por mais antigas que sejam!
Ali eles se apresentam e costumam
ser contratados para festas,
segundo nos informou o guia.
Em seguida, seguimos com o
Jorge para o Restaurante Guadalajara,
onde nos sentamos bem ao lado
do palco/pista de dança,
que se situa em um nível
mais elevado. Tomamos tequila
(do jeito certo, segundo Jorge
nos ensinou) e apreciamos
uma encenação
por um grupo de dançarinos
do sacrifício ritual
de uma princesa asteca, muito
bonito! Em seguida, uma cantora,
dois cantores, acompanhados
por conjuntos de mariaches
e novas danças com
dois casais de dançarinos,
se apresentaram com bastante
brilho! Antes e depois dos
shows, as pessoas subiam à
pista e se entregavam com
todo o entusiasmo ao ritmo
vibrante das sonoras melodias
mexicanas!

Pirâmide
do Sol
(base) |

A
mesma Pirâmide,
com os conjuntos arqueológicos
que a rodeiam |
Em
25/01, sábado, partimos
para Teotihuacan, onde se
localizam as Pirâmides
do Sol e da Lua e todo o conjunto
arquitetônico imenso
que, no passado, constituía
uma cidade com milhares de
habitantes! Subi, a duras
penas, a Pirâmide do
Sol, com 246 degraus! Durante
todo o tempo, centenas de
turistas de todas as nacionalidades
faziam o mesmo percurso, subindo
e descendo. Lá de cima
da pirâmide, se tem
uma visão privilegiada
da avenida, a pirâmide
da Lua no extremo; e imaginar
que tudo isso foi habitado,
um dia, há muito tempo,
por um povo, com sua cultura,
seus hábitos, seus
deuses, e que tudo acabou,
de vez, sem explicação!
Procurei um local um pouco
mais tranqüilo, me sentei,
lá no alto da pirâmide
e fiz uma meditação.
Soprava um vento forte e senti
bastante energia presente,
a força dos deuses
que inspiraram aquele povo
longínquo. Quando descia,
encontrei a Luiza subindo
as escadarias.
Em um restaurante próximo,
todo colorido, e com cores
bem acentuadas, como só
os restaurantes mexicanos
conseguem ser, conversei com
uma bela jovem que ali trabalhava,
que me disse: "os espanhóis
nos prejudicaram muito."
A sua declaração
me surpreendeu, pois dificilmente
eu ouviria algo semelhante
de uma jovem brasileira, algo
assim: "os portuguêses
nos prejudicaram muito",
já imaginaram? Inconcebível,
não é mesmo?
A propósito, notei
que os/as mexicanos/as possuem
uma consciência social
e histórica muito bem
desenvolvida. Sabem que são
descendentes dos indígenas
e sentem orgulho da sua origem
étnica.
Retornamos à Cidade
do México e visitamos
a Catedral da Virgem de Guadalupe,
a padroeira do México.
São três igrejas,
sendo a catedral (a mais recente)
imensa. Muitas pessoas rezando
e, em frente à imagem
da santa, a Luiza e a Silvana,
procuravam, fervorosamente,
conservar-se no mesmo lugar,
sobre a esteira rolante, orando,
contritas! Até que
um zeloso observador deu-lhes
algum descanso, desligando,
por alguns momentos, a esteira
rolante, até que terminassem
as suas devotadas preces!
Em seguida, observamos a Praça
das Três Culturas: as
ruínas pré-colombianas,
a igreja construída
pelos espanhóis para
São Santiago, padroeiro
da Espanha e os prédios
modernos, em torno. O local
é marcado por muitas
tragédias: a última
batalha, em que os astecas
foram derrotados pelos espanhóis,
definitivamente; em 1968,
em torno de dois mil estudantes
foram mortos pelas tropas
do governo; e houve também
um terremoto, uma tragédia,
na qual faleceram parentes
do Placido Domingo, que residiam
nas proximidades.
Em 26/01, viajamos de avião,
pela "Mexicanas"
às 14 h e chegamos
a Merida às 15:30 h.
Já no hotel, alojados,
perguntei ao recepcionista
a respeito do "programa"
noturno e ele me sugeriu ir
à Plaza Principal e
para lá nos dirigimos.
Merida é uma cidade
mais interiorana, se bem que
importante na região,
pelo que me informaram. Na
"Plaza", muita gente
passeando, sentada nos bancos,
namorando, casais com seus
filhos nos restaurantes (muitos
em torno da praça)
e o que eu achei mais interessante:
uma autêntica orquestra
tocando, ao ar livre, deliciosos
boleros, mambos e em plena
rua, fechada ao trânsito,
um verdadeiro baile, com muitos
casais dançando, animadamente!
Achei deliciosa aquela cena!
Em
torna da praça há
muitos prédios bem
antigos: um deles com escudos,
emblemas heráldicos
sustentados por seres míticos;
a catedral, antiga e imensa
como as outras que vimos;
um prédio municipal,
onde estão pintados,
ao longo das paredes (como
na Cidade do México,
com os murais de Diego Rivera)
cenas impressionantes da história
de Merida. Aprendi que a cidade
de Merida surgiu no século
XVI, que os Maias resistiram
aos espanhóis durante
vinte anos; reza a lenda que
o povo maia nasceu do milho
e que no Ocidente estão
as trevas e a destruição,
segundo as suas crenças,
e que no Oriente, ao contrário,
estão as forças
benéficas e criativas;
a venda dos índios
maias como escravos pelos
políticos; a sua libertação
por ação dos
seus benfeitores; a cisão
no século passado e
muitas outras pinturas magníficas.
Em um centro comercial, ouvimos
um trio interpretar lindas
melodias, com as pessoas sentadas
em cadeiras, ouvindo, e visitamos
uma exposição
fotográfica sobre as
belezas arqueológicas
mexicanas.
Em um restaurante comemos
uma "bela pizza"
(mexicana, apimentada), com
uma massa bem fina e saborosa.
Observei belos prédios
antigos, pinturas murais magníficas,
monumentos arquitetônicos
imensos, comércio turístico
bem desenvolvido, um padrão
étnico bem definido,
um povo cordial, educado,
alegre e com boa vontade,
no que me pareceu, até
agora, serem características
marcantes do povo e das cidades
mexicanas. Possuem uma história
e uma cultura riquíssimas,
de que podem se orgulhar!
A tempo: quando meditando,
ontem, na Pirâmide do
Sol, senti uma poderosa sintonia
e fiz bastante esforço
para manter a lucidez. Creio
que a minha história
pessoal passa por esse sítio
arqueológico, em época
remotas, e por esse povo que
aqui viveu e depois abandonou
tudo, de forma misteriosa.
Alcançaram 250.000
habitantes! Mas nesse sítio
só viviam os sacerdotes,
enquanto o povo vivia em torno.
Parece que, em certo momento,
não havia comida para
todos (devido à exaustão
da terra)... ou, então,
foram atacados por um povo
mais belicoso que os venceu
e os destruiu, em sua integridade.

Palácio
do Governador, em Uxmal,
construído sobre uma
plataforma
Em
27/01, partimos em direção
a Uxmal, junto com um casal
jovem japonês (bem altos,
a nova geração),
um americano alto, mais idoso
e dois italianos e uma italiana.
Lá chegando, fomos
conhecer o sítio arqueológico
que apresenta diversas pirâmides,
um campo de jogos, uma universidade,
um templo menor, um falo enterrado
representando a fecundação
da Terra pelo Céu e
muitas pirâmides e templos
ainda escondidos entre o mato
ou enterrados. Há plataformas
construídas, para que
sobre elas se construíssem
as pirâmides, templos
etc.! Os pisos dessas pirâmides
desapareceram após
a conquista espanhola. Nesse
local existiram as civilizações
maia e tolteca. Em templos
originalmente maias encontram-se
construídos símbolos
toltecas, uns sobre os outros.
Eles se utilizavam de poços
para o abastecimento de água.
Em frente ao denominado "Palácio
do Governador" (que foi
construído sobre uma
plataforma) há o já
citado falo enterrado e dois
jaguares, macho e fêmea,
acoplados um ao outro, de
costas. Passava um grupo de
turistas italianos, no momento,
e quando o guia comunicou
que colocar a mão sobre
o falo daria sorte no amor,
uma jovem italiana, imediatamente,
correu até ele e colocou
sua mão, mais do que
depressa!
A denominada "Casa das
Tartarugas" apresenta
uma simetria perfeita, semelhante
a um templo grego. Os arcos
das contruções
maias formavam um vértice,
diferentes dos arcos romanos.
A Igreja destruiu muitos escritos
maias, para forçar
o povo a abandonar as suas
crenças e adotar o
catolicismo.
Subi, com a Luiza, a escadaria
da Grande Pirâmide e
lá de cima tirei fotos
bem interessantes. Haviam
diversos iguanas passeando
pela relva ou dentro das ruínas;
vi um bem grande, papudo,
mas não consegui fotografá-lo,
pois ele correu para dentro
de uma ruína.
Os arqueólogos continuam
fazendo trabalhos de recuperação
e vimos muitas peças
dispostas ordenadamente no
solo, preparadas para serem
recuperadas. Vimos uma estátua
de um deus já recolocado
em seu local original e outra,
colocado à parte, provavelmente
para exibição.
Partimos, em seguida, para
Kabah, onde visitamos um sítio
arqueológico menor,
mas também muito interessante.
Caminhando um pouco mais,
encontramos um arco maia isolado
e, no meio do mato, uma grande
pirâmide, com pedras
bem visíveis.
Retornando ao primeiro local,
almoçamos em companhia
dos italianos. Um deles, mais
loquaz, contou que já
era a terceira vez que vinha
ao México. Segundo
ele, no México é
mais barato, mais seguro (foi
assaltado em Salvador-Bahia,
há cinco anos atrás)
e há muito o que conhecer.
Permanecerão por um
período de trinta dias.
Ele esteve em outras capitais
brasileiras e possui amigos
no Brasil, que estão
sempre lhe chamando para voltar.
Possui amigos, também,
no México.
Jantamos no restaurante Los
Almendros, que serve comida
de origem maia. Apreciamos
pratos saborosos, ao som de
boleros e outros ritmos latinos,
cantados com perfeição
por um trio. A Luiza pediu
"Maria Helena" e
foi atendida. Ao tentar fazer
outro pedido, entretanto,
não foi muito bem entendida:
o garçon trouxe o cardápio...
Voltando ao tour de hoje,
o jovem casal japonês
(ela está grávida
de sete meses) viajará
durante 23 dias no México
e o americano é de
Seattle, bem risonho.
Merida é bem mais quente
que a Cidade do México.
Está na Península
de Yucatan (remember Ponce
de Leon). É uma cidade
grande (um milhão de
habitantes), antiga, sem prédios
altos. Observei hoje, ao voltar
do tour, passando pela área
central da cidade, que o comércio
é bem desenvolvido.
A cidade, apesar de ser do
tipo interiorana, possui ótimos
restaurantes (com shows ao
vivo, como no hotel em que
estamos), belas avenidas,
ruas estreitas, belas praças
com monumentos, bons hotéis,
agências de turismo
(há uma no hotel em
que estamos) etc. Enfim, se
enquadra em um padrão
diferente de cidade, nada
se parecendo às cidades
brasileiras.

Templo
dos Guerreiros
|

Templo
das Mil Colunas |
Em
28/01, partimos para o tour
Chichen Itza. Na van, fiquei
mal acomodado, ao lado de
um casal de americanos e a
Luiza, ao lado de uma argentina
e sua filha. No sítio
arqueológico de Chichen
Itza há um campo de
jogos bem maior que o de Uxmal;
ouvimos a explicação
de que disputavam o jogo dois
times de seis jogadores cada
um, todos devidamente protegidos
(inclusive a cabeça
e o nariz, como mostram as
decorações nos
blocos de pedra ao longo do
campo). Disputavam durante
dias a fio, trocando os times
a medida que cansavam, com
uma bola de borracha (!),
tentando alcançar a
abertura de um círculo
de pedra, à grande
altura (nesse campo específico).
O "capitão"
do time vencedor considerava-se
honrado em ser decapitado,
pois acreditava que a sua
alma, nesse caso, seria recebida
pelos deuses e, depois, reencarnaria.
Os maias e, depois, os toltecas,
construíram esse complexo
conjunto arquitetônico
de Chichen Itza. Uma das construções
apresenta em torno, em relevo,
diversas caveiras. Em determinada
festividade, os participantes
tomavam bebidas cerimoniais
com um chá tipo alucinógeno
e depois eram conduzidas a
um poço e nele atirados
(esse poço ainda existe
e possui águas bem
escuras). No início
do século passado,
um arqueólogo dragou
esse poço, onde encontrou
muitos esqueletos com todos
os seus paramentos.
Nos observatórios astronômicos
nota-se uma assimetria que
destinava-se a proporcionar
aos estudiosos maias um ângulo
condizente com as posições
zodiacais, equinociais, do
céu, naquele momento.
Nas placas pode-se observar
escritos no idioma maia, que
apresenta certa semelhança,
em sua pronúncia, com
o chinês.

O
Castelo
Sobre
a construção
ao lado do belo Templo das
Mil Colunas há a escultura
de Chac-Mool, que fazia a
ligação entre
os sacerdotes e os deuses;
em seu colo se colocavam os
corações, após
os sacrifícios rituais.
Errei o caminho para sair,
me atrasei e acabei me desentendendo
com o guia, que ameaçou
me deixar lá e só
não o fez porque a
Luiza ameaçou se comunicar
com a empresa de turismo...
Seguimos em um onibus de turismo
para Cancun, que, diga-se
de passagem, é um show
à parte. Ficamos boquiabertos
com os hotéis de alto
luxo; um deles possui "apenas"
1.200 apartamentos e o guia,
enquanto deixava os turistas,
ia nos contando a história
de cada um. Já em nosso
hotel, próximo ao mar,
almoçamos em um restaurante
próximo. Nas mesas
próximas, ao ar livre,
uma moça americana,
loura, dava o seu showzinho
à parte: de bikini,
depois de dançar bem
a vontade, engoliu, pela goela
abaixo, uma bebida derramada
em sua boca por um garçon,
que estava em cima de uma
mesa, enquanto todos batiam
palmas, animados, acompanhando
a sua performance. Depois
abraçou e beijou outro
garçon, bem a vontade,
enquanto o seu acompanhante,
americano também, ficava
com cara de quem comeu
e não gostou, visivelmente
constrangido.
Aluguei um carro, um Nissan,
com ar condicionado, com o
qual rodamos bastante até
localizar um restaurante,
onde saboreamos pratos típicos
mexicanos, ouvindo dois músicos,
com uma flauta e um órgão
elétrico, interpretarem
bossa nova...
Em 30/01,seguimos, com o carro
alugado, para Xcaret, que
é um parque turístico
simplesmente sensacional.
Lá se encontram um
canal/ "rio" subterrâneo,
para os turistas nadarem ao
longo de todo o parque, devidamente
"paramentados",
com óculos de mergulho
etc., animais selvagens, teatro
ao ar livre, sítio
arqueológico, shows
de golfinhos (com a participação
dos turistas), espetáculos
de música e de teatro,
praia, restaurantes com música
ao vivo, habitat dos antigos
maias, mariaches, e, ao cair
da tarde, um belo espetáculo,
em que os turistas são
conduzidos dentro de cavernas
e ao lado do "rio",
presenciando uma representação
dos antigos indígenas
em seus rituais e danças,
belíssimo!
Em 31/01, no shopping da Plaza
Kukulcan, descobrimos um ponto
da Arte Huichol, que segundo
a funcionária, Silvana,
nos explicou, é o único
povo indígena que ainda
conserva os seus antigos costumes
e tradições,
no México. É
um povo muito místico
e praticam xamanismo, tomando
chá de pecoche (cactus).
As suas obras de arte, de
primorosa técnica,
carregam muito simbolismo.
Assim, simplificando bastante,
por exemplo, quando a figura
apresenta a cor verde, representa
o pecoche, e quando é
amarela, simboliza as figuras
geométricas que se
vê, quando se inicia
a mudança de consciência.
Estas figuras geométricas,
por sua vez, se abrem, dando
entrada aos mundos em outras
dimensões. Os trabalhos
são feitos em madeira
(por exemplo, a cabeça
de um jaguar), que é
recoberta de cêra e,
sobre essa cêra são
colocadas, uma a uma, as peças
de miçangas que irão
formar, em conjunto, as figuras
simbólicas. Na própria
cabeça do jaguar (que,
por sua vez, possui o seu
significado próprio),
vêm-se as figuras geométricas
que significam o pecoche (verdes),
a entrada nos estados divinos
(amarelas), a águia,
que representa a visão
do alto, onde ela podia observar
o que se passava com todos
os animais etc.
Como sempre, há o interesse
financeiro, e aí ela
nos falou a respeito de um
banco que financia todo o
trabalho de apoio à
arte Huichol, fornecendo-lhes
rocas, que eles não
conheciam, e ensinando-os,
também, a fazer rocas.
E há também
um hotel construído
pelo mesmo banco, no qual
fomos convidados a fazer o
nosso dejejum e conhecer suas
instalações
(é do tipo clube) e,
depois, teríamos um
desconto na compra das peças
Huichol...
Em 01/02, fiz um passeio de
jet sky: após uma hora
de viagem, de luta contra
as ondas encapeladas (pelo
menos, na minha visão),
correspondendo a 45 km, paramos,
todos do grupo ( a Luiza não
foi, ficou com medo), e colocamos
o visor e o respirador. Vi,
então, no cristalino
mar do Caribe, os peixes,
as formações
no fundo, de todos os tipos;
bonito demais! Já em
terra, o sujeito que me alugara
o jet sky, me contou que dissera
a Luiza que eu tinha ido com
"dos rubias" (duas
ruivas)!
Em um restaurante em que estivemos,
assistimos à dança
de uma americana loura e alta
com um garçon mexicano
baixinho; uma jovem bonita
e sorridente que nos atendeu
dançou rock'n roll
com um outro garçon,
jovem como ela; alguns casais
de americanos se atreveram
a dançar, mas, na verdade,
não sabiam...
Os garçons, muito animados,
fizeram algumas brincadeiras
com os clientes, como irem
se levantando, de mesa em
mesa, com os braços
para cima ( como fazem nos
estádios de futebol);
dançarem salsa, em
fila indiana, pelo restaurante!
Um dos garçons, em
pé sobre uma cadeira,
colocava uma bebida pelas
goelas abaixo de cada um/a
dos/as animados/as dançarinos/as!
Em 02/02, viajamos no Yate
Fiesta Maya até a Isla
Mujeres. Atravessamos a baía
e a viagem foi muito divertida:
um animador, por sinal, muito
animado, um conjunto musical,
bebida à vontade e
gente de todas as partes do
mundo. O iate chegou à
Isla Mujeres, onde fomos para
a praia, nadei um pouco e,
em seguida, dei uma caminhada
até o final da praia,
quando cansei de ver seios
à mostra, com as mulheres
muito à vontade (a
maioria esmagadora composta
por turistas)...
Na volta, o tal animador promoveu
um concurso de cantos e outro
do beijo mais sensual. Um
americano abobado deitou com
a mulher dele no chão
(como se estivesse fazendo
sexo) no concurso do beijo
mais sensual e deu outros
vexames. Deve pensar que no
México e "redondezas"
(ou seja, abaixo da linha
do equador) a promiscuidade
é total! Ao se dirigir
a alguns suiços, o
tal animador comentou, de
passagem, que era lá
que os governantes mexicanos
guardavam os seus dólares
(ou equivalentes)... Qualquer
semelhança é
mera coincidência...
À noite estivemos em
outro restaurante onde os
garçons, também,
movimentaram o ambiente, dando
tequila aos clientes ao som
de gritos entusiasmados; "deixando"
uma bandeja cair ao chão,
assustando uns americanos,
que saltaram nas cadeiras;
colocando "um frango
morto", artificial, sobre
uma mesa; apitando etc.
Em 03/02, partimos do México,
em uma viagem em que enfrentamos
bastante turbulência
e ficamos na área dos
fumantes (apesar da minha
solicitação
contrária) e separados!
Acabei me virando e consegui
trocar de lugar com um casal,
indo para a área dos
não-fumantes e ficamos
juntos!
Saimos às 18 h e chegamos
em São Paulo às
6h, de onde saimos às
9:30 h e chegamos em Brasília
depois das 11 h.
O México me deixou
uma belíssima impressão.
Os mexicanos me passaram uma
lição de "saber
viver": aquele prazer
de viver todos os momentos,
aquela alegria que brota espontaneamente,
por uma observação
fugaz de um colega de trabalho,
por exemplo, como notei diversas
vezes entre eles. Os guias
quando se cruzavam, gritavam
entusiasmados, uns para os
outros, comunicando-se à
distância, sem se preocuparem
se os turistas estavam gostando
ou não. No restaurante
do hotel, em Cancun, também
conversavam entre si, sorridentes
e despreocupados. Sabem como
agradar ao cliente, sem afetação;
dizem palavras agradáveis,
sorriem com espontaneidade.
As mulheres são graciosas
em sua simplicidade, olham
com sinceridade, sorriem com
sinceridade. Os homens são
brincalhões e procuram
ser cavalheiros com as mulheres.
As músicas são
românticas e falam de
"corazón, amor,
enamorarse"; são
lindas, tanto as melodias
quanto as letras. Porque o
preconceito? No México
aprendi que podemos ouvir
as músicas com o coração
e não com a mente inquiridora.
Vivem em um mundo com muita
emoção e carinho.
Um mundo mais suave, mais
pleno, com mais qualidade
de vida. E isto é viver,
muchachos e muchachas! E isto
é viver!
Abilio
Terra Junior
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de autoria de:Abílio
Terra Junior
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